
Desde a minha entrada na universidade aprendi a não existir na primeira pessoa. Conheci uma outra maneira de ser e de se comunicar dentro do meio acadêmico; fui abduzido para o universo da impessoalidade. Há, como ela era fascinante, tão certinha, tão "perfeita" que me dava um certo grau de douto, sem ser!
Foram semestres inteiros deixando o "mal costume" de escrever na primeira pessoa. Ufa!
Pois é, quem como eu, poderia imaginar o ressurgimento da minha primeira pessoa na escrita acadêmica. Juro que para mim sempre seria incompatível, texto acadêmico e primeira pessoa. Talvez você esteja indagando: - conte outra, quero sonhar e acordar no paraíso das letras!. Lhe entendo, também custei a acreditar. Porém fato é: a escrita na primeira pessoa é possível na corte dos saberes acadêmicos.
Talvez ainda não o tenha convencido; ou até não consegui me convencer também. Mas diante de leituras quase que divinamente inspiradas, dou o braço a torcer. Que ressuscite o eu. Como na música de Touquinho: Numa folha qualquer/ Eu desenho um sol amarelo/ (Que descolorirá!)/ E com cinco ou seis retas/ É fácil fazer um castelo/ (Que descolorirá!)/ Giro um simples compasso/ Num círculo eu faço O mundo/ (Que descolorirá!).
Que eu e você possamos descolorirá no mundo da escrita impessoal e entremos no mundo da pessoalidade impessoal.
Até amanhã!